O poliestireno expandido (EPS), popularmente conhecido como isopor®, é um material frequentemente subestimado no debate ambiental. No entanto, dados técnicos e estudos acadêmicos demonstram que, quando corretamente gerido, o EPS apresenta vantagens significativas em termos de sustentabilidade para o setor de embalagens.
Eficiência de Recursos e Baixo Impacto na Produção
O EPS é composto por aproximadamente 98% de ar e somente 2% de poliestireno, tornando-o um dos materiais mais leves e com menor consumo de matéria-prima na fabricação. Essa leveza contribui para a redução de emissões de CO₂ no transporte e menor gasto energético durante o processo produtivo. Segundo estudo da Plásticos em Revista (2019), a produção de EPS consome menos energia do que outros plásticos com a mesma finalidade de proteção e isolamento.
Reciclabilidade e Economia Circular
Ao contrário do que muitos imaginam, o EPS é 100% reciclável por meio de processos mecânicos, sem a necessidade de tratamentos químicos agressivos. No Brasil, iniciativas como o Programa Reciclar EPS, da Termotécnica, demonstram a viabilidade econômica e ambiental da logística reversa do material. O programa já evitou o descarte de mais de 40 mil toneladas de EPS em aterros sanitários, reutilizando-o em produtos para construção civil, agricultura e novas embalagens.
Além disso, estudos publicados no ResearchGate apontam que o EPS reciclado pode reduzir em até 30% os custos de insumos em segmentos como jardinagem e obras de infraestrutura leve, ao substituir materiais minerais não renováveis.
Comparativo com Alternativas de Embalagem
Análises de ciclo de vida (ACV) realizadas por universidades europeias, como o Instituto Fraunhofer (Alemanha), indicam que o EPS possui menor impacto ambiental que materiais como papelão laminado e plástico rígido em diversas categorias, como emissão de gases de efeito estufa, consumo de água e geração de resíduos sólidos. Isso se deve ao seu peso reduzido, eficiência térmica e possibilidade de reutilização.
Aplicações Sustentáveis no Setor de Embalagens
As propriedades técnicas do EPS – como absorção de impacto, isolamento térmico e resistência à umidade – o tornam ideal para embalagens de alimentos, medicamentos e eletrodomésticos. Isso reduz perdas durante o transporte, contribuindo indiretamente para a redução do desperdício de produtos. Além disso, sua durabilidade permite o reuso em cadeias logísticas circulares e projetos de upcycling industrial.
Desafios e Oportunidades
Apesar de suas vantagens, o EPS ainda enfrenta desafios relacionados à coleta seletiva e à falta de conscientização ambiental. Muitos municípios não possuem estrutura para separar e destinar adequadamente esse material. No entanto, o avanço de cooperativas de reciclagem, bem como incentivos de políticas públicas e campanhas educativas, tende a ampliar a taxa de reaproveitamento no país.
A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) estima que, com investimentos mínimos em infraestrutura, o índice de reciclagem de EPS no Brasil pode ultrapassar 60% até 2030, promovendo ainda mais sua viabilidade como solução sustentável.
Conclusão
O EPS representa uma alternativa viável e estratégica para embalagens sustentáveis, especialmente quando inserido em uma cadeia produtiva com foco em logística reversa e economia circular. Sua leveza, reciclabilidade e performance técnica colocam o material como uma resposta eficiente às demandas ambientais e logísticas contemporâneas. Investir em soluções baseadas em EPS pode, portanto, unir desempenho econômico e responsabilidade ambiental em um mercado cada vez mais exigente.
Referências:
ABIPLAST. (2022). Panorama dos Plásticos no Brasil.
Programa Reciclar EPS – Termotécnica. (2020). Case de Logística Reversa no Setor de Embalagens.
Plásticos em Revista. (2019). EPS: Sustentabilidade e Inovação na Cadeia Logística.
ResearchGate. (2020). Avaliação ambiental da cadeia de reciclagem de EPS no Brasil.
Fraunhofer Institute. (2018). Life Cycle Analysis of Packaging Materials: EPS vs Alternatives.
